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sábado, 9 de novembro de 2013

Antes tarde do que nunca...

O colunista de O Globo, Ilimar Franco, publica em seu blog naquele jornal uma notícia que tem importância histórica incomum. O curioso é O Globo deixar que essa matéria venha a público, já que no governo Jango o jornal, ainda vespertino, foi uma das pontas de lança da campanha contra o Presidente. 

A matéria vale a pena ser lida e aqui a transcrevemos junto ao nosso agradecimento a Ilimar: 

 
Ilimar Franco (*)
 

          O ex-presidente João Goulart, o Jango, receberá honras de chefe de estado na Base Aérea de Brasília na próxima quinta-feira. Ele será recebido e homenageado pela presidente Dilma Rousseff na presença de seus familiares e dos integrantes da Comissão da Verdade.

            

    Os ministros José Eduardo Cardoso (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) vão escoltar o corpo de Jango de Porto Alegre a Brasília. Os dois viajam a Porto Alegre na segunda-feira e, no dia seguinte, se deslocam para São Borja, na fronteira com a Argentina, onde será feita na quarta-feira a exumação do corpo do ex-presidente. Neste mesmo dia, os ministros, familiares e o corpo de Jango rumam para Santa Maria, embarcando após num avião que os transportará até Porto Alegre e depois para Brasília.

"O corpo de Jango permanecerá na sede da Polícia Federal, em Brasília, para colheita de amostras e a realização de exames até 05/12. No dia seguinte, quando o ex-presidente completa 37 anos da sua morte, ele será sepultando novamente em São Borja (RS)".



 Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), que iniciou sua carreira política no antigo PTB, e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) vão apresentar e submeter a voto um projeto de resolução no Congresso. Este tem como finalidade reconhecer formalmente que no dia primeiro de abril de 1964 Jango estava em Porto Alegre, no território nacional, e, portanto, não poderia ter sido declarado vago o cargo de presidente da República. Esta deliberação foi tomada pelo presidente do Senado, na época, Auro de Moura Andrade (PSD).

  A cerimônia desta quinta-feira será a primeira homenagem oficial, feita por um chefe de governo brasileiro, ao ex-presidente. Antes disso, em 15 de novembro de 2008, ele foi anistiado pela Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça o pedido de interpelação da viúva de Goulart, Maria Teresa. O julgamento ocorreu em caráter de sessão extraordinária e foi realizado durante o 20º Congresso Nacional dos Advogados, em Natal, no Rio Grande do Norte.

 Jango foi deposto por um golpe militar, em março de 1964, quando ocupava a presidência da República. Seu governo teve como característica uma grande ebulição social, gerando forte reação política de seus adversários. Derrubado, ele se exilou no Uruguai, e em 1976  faleceu em Mercedez, na Argentina.

  Filiado ao antigo PTB, Goulart foi eleito vice-presidente da República em 1955, quando Juscelino Kubitscheck (PSD) foi eleito presidente. Nas eleições de 1960 voltou a ser eleito vice, no pleito em que Jânio Quadros (UDN) elegeu-se presidente.

  Jânio, em agosto de 1961, renunciou ao seu mandato e Jango só tomou posse em setembro com a adoção do parlamentarismo. Um plebiscito em janeiro de 1963 restabeleceu o presidencialismo e Goulart assumiu e passou a defender as reformas de base, um conjunto de medidas sociais e econômicas de cunho nacionalista.

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Ilimar Franco Ilimar Franco nasceu em Carazinho (RS) e se formou na UFRGS em Porto Alegre. Desde a Constituinte, em 1987 mora em Brasília, onde trabalhou nos jornais ‘Correio do Povo’, ‘Zero Hora’ e ‘Jornal do Brasil’. No O Globo há 12 anos, edita a coluna Panorama Político desde 2007. Em sua biografia destaca ser sócio do Internacional e do Império Serrano e diz que adora uma roda de samba e passear no Rio. Sua maior motivação é "cavar notícias exclusivas".