Texto de
BRASIL ENTRA EM CAMINHO SEM VOLTA: QUE PARIS TENHA MUITOS APÊS CHARMOSOS PARA ACOLHER A TODOS OS OMISSOS
Recebo diariamente comentários carregados de ódio contra José
Genoíno, que me abstenho de publicar até por vergonha de seu teor,
vergonha pelo desequilíbrio e o descontrole dos remetentes. A falta de
discernimento, querendo atribuir a este homem combativo todos os males
do país. Daí que a prisão não basta. É preciso a morte. A imolação
final. A cruz.
É preciso a volta das torturas. Da ditadura. Este, o subtexto das tantas mensagens enviadas.
A que ponto essa mídia manipuladora, essa pseudo esquerda democrática, esse suposto “centrão” levaram o nosso país!
A que abismo a omissão daqueles que poderiam se posicionar, protestar e agir, está levando a nossa Nação.
A quanto estamos chegando com o silêncio dos nossos formadores de
opinião influentes, nossos artistas politicamente conscientes e
articulados. Os intelectuais, pensadores, jornalistas de porte.
São tão poucos os que ousam falar, se manifestar. Um, dois, três,
quatro ou cinco. A pasmaceira, a imobilidade, o acomodamento prevalecem.
O Brasil que pensa e raciocina está congelado, em estado de letargia.
Os com bagagem intelectual, política, de memória, conhecimento
histórico e político para se manifestar se calam. Certamente
envelhecidos, provavelmente acomodados, talvez acovardados, quem sabe
desesperançados.
Os jovens de nada sabem. Não viveram a História recente do país. Não
lhes deram a chance de saber. Lhes sonegaram o conhecimento nas escolas
sobre os fatos. O patriotismo caiu em desuso. Os sonhos globalizaram.
Soberania virou palavra empoeirada que se encontra no sótão – se é que
ainda existe sótão -, dentro de algum baú – se é que há baú -, no
interior de um papel amarelado, se houver ainda alguma folha de papel
sobrevivente nessa era digital.
Os velhos sábios não falam. Se calam. Voam para Nova York,
refugiam-se em Paris. Precisamos dos velhos, imploramos aos velhos.
Falem, reajam!
Não é questão mais de uma posição partidária, trata-se de uma postura de Soberania brasileira, de Pátria, de Estado de Direito.
Triste ver crescer sobre nosso Céu, nossos tetos, nossa alma, nossos
ambientes, nossa consciência, a mancha escura da obtusidade, do receio
da livre manifestação, do silêncio, do embrutecimento coletivo. Do medo.
Quando eu me vejo, aqui, escolhendo palavras para não resvalar num
erro, num equívoco, num excesso que me possa custar a liberdade ou que
me valha antipatias graves, retaliações, sinto a gravidade do momento
que estamos vivendo.
Quando uma única cidadã de bem não respira a liberdade, a Pátria não está mais livre.
Quem permitiu, por omissão, inoperância, ambições e conveniências
políticas que o Brasil caminhasse para trás, chegando a tal retrocesso
de consciência, a ponto de apagar os méritos de sua própria História e
ao extremo de aclamar a vilania de seus opressores, ainda vai se
arrepender demais. Pagará alto preço por isso. Estamos entrando num
caminho sem volta.
E que Paris tenha muitos apartamentos charmosos para
acolher a todos os valorosos omissos.