O Portal Luís Nassif Online nos reserva sempre bons textos e análises instigantes de temas atuais. Marina Silva e sua rede com o imbroglio com o PSB que já começa a fazer água é um desses temas. Lá no LNO está um texto que analisa com objetividade toda essa situação e o republicamos como pá de cal nessa tentativa da seringalista de se manter em destaque na mídia. Será nosso último comentário sobre Marina & PSB, reservando-nos apenas voltar ao assunto com o desenlace ou o sucesso dessa improvável união.
Marina Silva jogou a Rede na bacia das almas
Luciano
Alvarenga
A
Marina Silva está no PSB, mas há dois anos estava no PV e antes no PT.
Entre o PT e o PSB, Marina resolveu fundar um partido, a Rede. O
principio da Rede é que não fosse partido, mas virou para Marina fazer
ideias não partidárias caberem num partido.A Marina foi ministra do Meio
Ambiente durante quase todo o governo Lula. Saiu dois anos antes de
findar o segundo. E saiu por que se viu num embate com a futura
candidata do Lula, Dilma.
Marina era uma liderança dos movimentos
ecológicos, Dilma o nome que Lula escolheu pra continuar seu projeto
político.Foi para o PV e se lançou candidata com vinte milhões de votos à
presidente. No PV deu tudo errado pós-eleição. Ao contrário do que
possa ter pensado a Marina, o PV não mudou uma linha de sua histórica
posição, à direita, à esquerda, ao centro. A Marina não conseguiu nesse
partido o espaço que imaginou que teria direito com suas duas dezenas de
milhões de votos. Entre os vinte milhões de votos e a saída do PV,
foram dois anos.É apenas depois de sair do PT, entrar no PV, ser
candidata a presidente e sair do PV é que Marina saca a Rede.
A
pergunta: se a Rede não é casuísmo, por que não veio à existência tão
logo a Marina saiu do PT em 2008? Se os procedimentos para a criação
desse partido tivessem se iniciado em 2008 ou, tão logo acabou a eleição
de 2010, Marina seria candidata agora.
A julgar pelos movimentos
políticos de Marina desde que saiu do PT, a impressão que se tem é que a
Rede é uma ideia surgida, casuísmo, da inviabilidade de a Marina estar
em qualquer partido. Ou seja, a Rede não é uma Idea nova pra novos
tempos, a Rede é “o partido” de sempre tentando sugar energias novas
numa ideia velha. Isso fica claro na opção da Marina de se filiar ao PSB
de Eduardo Campos.Se o projeto de Marina fosse a Rede, no que essa
ideia pode conter de novo, ela deixaria de ser candidata agora e se
dedicaria a concretização da Rede no cenário nacional. O que importa não
seria ela como candidata, mas o projeto. E o projeto dando certo, ela
seria a candidata. Ficaria fora da eleição agora ou, se manteria a
distancia promovendo uma eleição paralela, discutindo, palestrando,
tematizando e organizando.
Marina não entendeu que seus vinte milhões de
votos foram um movimento de uma parte importante da sociedade civil que
via nela o vetor pra outras coisas, ideias e atitudes diferentes de tudo
aquilo que ai está. A Marina não entendeu que seus votos não são seus,
são de uma ideia, de um outro tempo que se quer construir.Mas Marina tem
um problema, não engoliu até agora que saiu do governo do Lula numa
derrota para a então ministra Dilma Rousseff.
Marina não resolveu seu
problema com o PT; é natural, depois de uma vida no partido, uma
história juntos, é difícil aceitar, muitos ex-petistas não aceitam
também. Isso é compreensível à luz da primeira frase da Marina quando
anunciou filiar-se ao PSB; algo como, ‘precisamos acabar com o chavismo
que o PT instalou no país, salvar a democracia’. Frase forte. A frase
poderia ser, ‘é fundamental para manter a Rede viva, minha aliança com o
PSB’.A frase traz à tona o fato que, mais importante que a Rede é
acabar com o chavismo e salvar a democracia. Mesmo que pra isso seja
necessário abandonar a Rede, simbolicamente, e embarcar, concretamente,
no PSB como filiada.
A indignação que tomou conta de sonháticos e
marineiros, com a atitude eleitoral e partidária da Marina, é a contra
prova de que a sonhática maior nunca teve outra intenção na vida que não
ser candidata, ainda que vice, contra o PT de todos os ódios que
ela sente e que não conseguiu expelir da alma.A Rede foi vendida.
A
Marina não tem plano, objetivo nem nenhum foco, sua trajetória política
desde que saiu do PT evidencia isso e; sua filiação ao PSB nas condições
colocadas, quando poderia se dedicar ao invento social e político que
deu inicio, comprova o que está sendo afirmado.
A Rede viverá agora um
processo acelerado de apodrecimento por falta de vitalidade e seiva que
era produzida pela liderança da Marina. Ou, será o que Marina queria
mesmo que ela fosse, um partido político.Marina será tragada pra dentro
da eleição com tudo o que isso significa. Daqui um ano ela poderá não
ter quase nada do capital eleitoral e político que amealhou em 2010.
Com
a Rede paralisada por um ano por falta de liderança, e por tudo o que
vai acontecer no cenário eleitoral, ainda mais com Marina numa coligação
que pode assumir o papel de oposição maior na eleição, o que pode
acontecer não é o novo que a Rede já almejou ser, mas a Marina como a
maior voz, ao lado de Eduardo Campos, de uma oposição renovada.
Luciano
Alvarenga é comentarista do Portal Luís Nassif Online