Trechos de análise do sociólogo Ricardo Antunes no "Estadão de sábado, 30/3:
“Nossa origem escravista e patriarcal, concebida a partir da casa
grande e da senzala, soube amoldar-se ao avanço das cidades. A
modernização conservadora deu longevidade ao servilismo da casa grande
para as famílias citadinas. As classes dominantes sempre exigiram as
vantagens do urbanismo com as benesses do servilismo, com um séquito de
cozinheiras, faxineiras, motoristas, babás, governantas e, mais
recentemente, personal trainers para manter a forma, valets nos restaurantes para estacionar os carros, etc.”
“Com as classes médias o quiproquó é maior: os seus estratos mais
tradicionais e conservadores agem quase como um espelhamento deformado
das classes proprietárias e vociferam a “revolta da sala de jantar”: não
será estranho se começarem a defender o direito das trabalhadoras
domésticas não terem os direitos ampliados. E sua bandeira principal já
está indicada: são contrárias à ampliação dos direitos das trabalhadoras
domésticas para lhes evitar o desemprego.