Por que os tucanos não podem voltar a governar o Brasil
A volta do PSDB ao poder significa o retorno dos corruptos que privatizaram empresas estatais brasileiras e receberam miliardárias propinas através dos paraísos fiscais do Caribe.
Todo o esquema que internalizou propinas para
financiar o tucanato está hoje fartamente comprovado, com documentos oficiais
obtidos em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça.
As investigações encontraram o rastro de
Verônica Serra, filha do Serra, do marido dela, Alexandre Bourgeois, de Ricardo
Sérgio de Oliveira, eminência parda das privatizações e ex-tesoureiro de Serra
e do empresário Gregório Marin Preciado.
O país não suportaria outro mega assalto aos
cofres públicos.Este período ficou conhecido como a Era das Privatizações, sob
o comando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A ponta do iceberg emergiu no final dos anos
80, com investigações de jornalistas da sucursal paulista de O Globo. Eles
descobriram que as transações eram feitas, pelo ex-diretor da área
internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, através das Ilhas
Britânicas, paraíso fiscal no Caribe.
O ex-tesoureiro das campanhas eleitorais de
Serra e FHC controlava a empresa offshore Andover, sediada em Road Town, capital das
Ilhas Britânicas. A offshore injetava dinheiro “de fora” em outra empresa de
sua propriedade em São Paulo,
a Westchester. Tratava-se de uma operação clássica de internação de dinheiro,
no popular, lavagem.
Por este caminho, o dinheiro das milionárias propinas das privatizações entrava no Brasil por meio de sucessivos aumentos de capital da empresa situada no Brasil. Tais valores eram integralizados pela empresa caribenha.
À primeira vista,
parecia investimento de uma empresa estrangeira no país, mas, deixaram o rastro
de uma fraude: o ex-tesoureiro de Serra assinava como dono nas duas pontas, na
offshore do Caribe e na empresa em São Paulo.
O mesmo sistema
usado por Jorgina de Freitas, que ganhou notoriedade por fraudar a Previdência
Social em mais de R$ 1 bilhão.
O genro de José
Serra, empresário Alexandre Bourgeois, na negociata das privatizações das
teles, utilizou esquema igual. Ele abriu no mesmo paraíso fiscal duas
offshores: a Vex Capital e a Iconexa Inc., ambas operando no mesmo escritório
de Ricardo Sérgio nas Ilhas Virgens Britânicas, no Citco Building. A reportagem
não foi publicada porque Serra se entendeu com Aécio Neves e a imprensa mineira
e paulista. Mas, está tudo comprovado com documentos oficiais.
As negociatas foram
chamadas pelo ex-economista do Banco Mundial, Prêmio Nobel de Economia (2001),
Joseph Stiglitz, de “briberization” e não “privatization”. “Bribery” é o crime
de oferecer, dar, receber ou solicitar qualquer bem ou valor para influenciar
as decisões de qualquer funcionário público.
A raiz da palavra –
bribe – significa coisa roubada, um jargão de ladrões desde os anos 1500. No
Brasil, o esquema ficou conhecido como “propinização”, até que Élio Gaspari
inventou a feliz expressão “privataria”, juntando privatização com pirataria.
Atualmente, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, já sabe de tudo.
Atualmente, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, já sabe de tudo.
Há pelo menos 38
paraísos fiscais sediados em
ilhas. Os valores transitam por empresas offshore (fora da
costa). Além da isenção de impostos, estes centros financeiros permitem manter
o verdadeiro dono do dinheiro na clandestinidade, através da portabilidade de
títulos de propriedade.
No submundo da
lavagem de dinheiro as offshores são chamadas de empresas-ônibus, porque enviam
e trazem dinheiro do exterior. As empresas são identificadas apenas por uma
caixa postal.
Nos últimos anos, a
pressão dos países integrantes do G20 cresceu, por conta da movimentação de
dinheiro das chamadas “minas de sangue” de Serra Leoa, África Ocidental; por
causa do dinheiro movimentado por governantes corruptos e pelo financiamento do
terrorismo.
A pressão aumentou
mais ainda depois do lançamento dos dois aviões contra as torres gêmeas do
World Trade Center.
No Brasil, as
mudanças nas regras pegaram figurões de calças nas mãos. O juiz Nicolau dos
Santos Neto desviou R$ 169 milhões da construção do prédio do TRT; Salvatore
Cacciola, depois que o banco Marka quebrou, movimentou R$ R$ 20 milhões nas
Bahamas; o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity Fund operou R$ 19,4 milhões
nas Ilhas Cayman;Paulo Maluf depositou dinheiro na Ilha de Jersey, no Canal da
Mancha.
Em 2003, a “Máfia
dos Fiscais” do Rio de Janeiro remeteu US$ 33,6 milhões para a Suiça, dinheiro
dos cofres públicos do governo Antony Garotinho.
No caso do
repatriamento das propinas das privatizações tucanas, quem ensinou o caminho do
Citco, em Road Town,
Ilhas Virgens Britânicas, foi o ex-tesoureiro das campanhas de José Serra e de
FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, artesão dos consórcios que disputaram as
estatais brasileiras.
Escritório
especializado em abrir, acolher e operar offshores, o Citco é representado nos
estados Unidos por David Eric Spencer, um advogado norte-americano casado com
brasileira, fluente em português, que trabalhou com Ricardo Sérgio no Citibank.
Rumaram para o Citco
Verônica Serra, seu marido Alexandre Bourgeois, o assessor de Ricardo Sérgio no
Banco do Brasil e seu braço direito na PREVI, João Bosco Madeiro da Costa.
Todos enriqueceram pós-privataria. São proprietários de empresas no Brasil e no
exterior, possuem gordas contas bancárias, moram em mansões e são proprietários
de terras.
Em 2004, apareceu mais dinheiro da propina das privatizações tucanas. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banco do Estado do Paraná, encerrou os trabalhos. Deu em pizza. Ainda assim a revista IstoÉ conseguiu apurar as movimentações financeiras do ex-caixa de campanha eleitoral de Serra e FHC.
Um documento prova
um depósito de US$ 410 mil da offshore Infinity Trading em favor da Franton
Interprise no MTB Bank, de Nova York.
O homem atrás da
Franton é Ricardo Sérgio de Oliveira. Depois se descobriu que o homem escondido
atrás da Infinity Trading é o empresário Carlos Jereissati, dono do grupo La Fonte, irmão do ex-senador
tucano Tasso Jereissati (PSDB/CE). Ou seja, o ex-tesoureiro das campanhas do
PSDB recebeu propina de Jereissati, um dos vencedores do leilão da privatização
da Telebrás. Documentos do Ministério da Fazenda provam que Jereissati é o dono
da Infinity Trading.
A Infinity, de
Jereissati, transferiu para a Franton, de Ricardo Sérgio, dois depósitos: um,
no valor de US$ 246.137, e outro no valor de US$ 164.085. A Infinity foi aberta
pelo grupo Jereissati nas Ilhas Cayman.
Ricardo Sérgio foi
apresentado a José Serra em 1990. Virou tesoureiro da campanha de Serra a
deputado federal, posição que desempenharia também na campanha de Serra ao
Senado em 1994. Para FHC, arrecadou dinheiro nas campanhas presidenciais de
1994 e 1998. Sob FHC, o tesoureiro das campanhas tucanas passou a manusear
quantias espetaculares.
E muito mais depois
que Serra o indicou para dirigir a área internacional do Banco do Brasil. Ele
articulou a sucção de recursos dos fundos de pensão estatais Previ e Petros
para a ciranda das privatizações. Neste esquema, o dinheiro público financiava
a alienação de empresas públicas. Leiloadas as estatais, a gratidão
expressava-se nas campanhas eleitorais do PSDB.
Dois livros são
fundamentais para entender como se deu a “privatização” tucana: “A privataria tucana”,
de Amaury Ribeiro Júnior e “O Brasil privatizado” de Aloysio Biondi. Eles são
fonte deste texto.
Você votaria nessa gente do PSDB para a presidência
da República?
De onde você acha que veio a dinheirama para comprar parlamentares a R$ 200 mil, cada, e garantir a emenda constitucional que deu um segundo mandato a FHC?