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domingo, 17 de março de 2013



Por que os tucanos não podem voltar a governar o Brasil



A volta do PSDB ao poder significa o retorno dos corruptos que privatizaram empresas estatais brasileiras e receberam miliardárias propinas através dos paraísos fiscais do Caribe.
Todo o esquema que internalizou propinas para financiar o tucanato está hoje fartamente comprovado, com documentos oficiais obtidos em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça.
As investigações encontraram o rastro de Verônica Serra, filha do Serra, do marido dela, Alexandre Bourgeois, de Ricardo Sérgio de Oliveira, eminência parda das privatizações e ex-tesoureiro de Serra e do empresário Gregório Marin Preciado.
O país não suportaria outro mega assalto aos cofres públicos.Este período ficou conhecido como a Era das Privatizações, sob o comando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A ponta do iceberg emergiu no final dos anos 80, com investigações de jornalistas da sucursal paulista de O Globo. Eles descobriram que as transações eram feitas, pelo ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, através das Ilhas Britânicas, paraíso fiscal no Caribe.
O ex-tesoureiro das campanhas eleitorais de Serra e FHC controlava a empresa offshore Andover, sediada em Road Town, capital das Ilhas Britânicas. A offshore injetava dinheiro “de fora” em outra empresa de sua propriedade em São Paulo, a Westchester. Tratava-se de uma operação clássica de internação de dinheiro, no popular, lavagem.

Por este caminho, o dinheiro das milionárias propinas das privatizações entrava no Brasil por meio de sucessivos aumentos de capital da empresa situada no Brasil. Tais valores eram integralizados pela empresa caribenha.
À primeira vista, parecia investimento de uma empresa estrangeira no país, mas, deixaram o rastro de uma fraude: o ex-tesoureiro de Serra assinava como dono nas duas pontas, na offshore do Caribe e na empresa em São Paulo.
O mesmo sistema usado por Jorgina de Freitas, que ganhou notoriedade por fraudar a Previdência Social em mais de R$ 1 bilhão.

O genro de José Serra, empresário Alexandre Bourgeois, na negociata das privatizações das teles, utilizou esquema igual. Ele abriu no mesmo paraíso fiscal duas offshores: a Vex Capital e a Iconexa Inc., ambas operando no mesmo escritório de Ricardo Sérgio nas Ilhas Virgens Britânicas, no Citco Building. A reportagem não foi publicada porque Serra se entendeu com Aécio Neves e a imprensa mineira e paulista. Mas, está tudo comprovado com documentos oficiais.

As negociatas foram chamadas pelo ex-economista do Banco Mundial, Prêmio Nobel de Economia (2001), Joseph Stiglitz, de “briberization” e não “privatization”. “Bribery” é o crime de oferecer, dar, receber ou solicitar qualquer bem ou valor para influenciar as decisões de qualquer funcionário público.
A raiz da palavra – bribe – significa coisa roubada, um jargão de ladrões desde os anos 1500. No Brasil, o esquema ficou conhecido como “propinização”, até que Élio Gaspari inventou a feliz expressão “privataria”, juntando privatização com pirataria.
Atualmente, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, já sabe de tudo.
Há pelo menos 38 paraísos fiscais sediados em ilhas. Os valores transitam por empresas offshore (fora da costa). Além da isenção de impostos, estes centros financeiros permitem manter o verdadeiro dono do dinheiro na clandestinidade, através da portabilidade de títulos de propriedade.
No submundo da lavagem de dinheiro as offshores são chamadas de empresas-ônibus, porque enviam e trazem dinheiro do exterior. As empresas são identificadas apenas por uma caixa postal.

Nos últimos anos, a pressão dos países integrantes do G20 cresceu, por conta da movimentação de dinheiro das chamadas “minas de sangue” de Serra Leoa, África Ocidental; por causa do dinheiro movimentado por governantes corruptos e pelo financiamento do terrorismo.
A pressão aumentou mais ainda depois do lançamento dos dois aviões contra as torres gêmeas do World Trade Center.

No Brasil, as mudanças nas regras pegaram figurões de calças nas mãos. O juiz Nicolau dos Santos Neto desviou R$ 169 milhões da construção do prédio do TRT; Salvatore Cacciola, depois que o banco Marka quebrou, movimentou R$ R$ 20 milhões nas Bahamas; o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity Fund operou R$ 19,4 milhões nas Ilhas Cayman;Paulo Maluf depositou dinheiro na Ilha de Jersey, no Canal da Mancha.
Em 2003, a “Máfia dos Fiscais” do Rio de Janeiro remeteu US$ 33,6 milhões para a Suiça, dinheiro dos cofres públicos do governo Antony Garotinho.

No caso do repatriamento das propinas das privatizações tucanas, quem ensinou o caminho do Citco, em Road Town, Ilhas Virgens Britânicas, foi o ex-tesoureiro das campanhas de José Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, artesão dos consórcios que disputaram as estatais brasileiras.

Escritório especializado em abrir, acolher e operar offshores, o Citco é representado nos estados Unidos por David Eric Spencer, um advogado norte-americano casado com brasileira, fluente em português, que trabalhou com Ricardo Sérgio no Citibank.
Rumaram para o Citco Verônica Serra, seu marido Alexandre Bourgeois, o assessor de Ricardo Sérgio no Banco do Brasil e seu braço direito na PREVI, João Bosco Madeiro da Costa. Todos enriqueceram pós-privataria. São proprietários de empresas no Brasil e no exterior, possuem gordas contas bancárias, moram em mansões e são proprietários de terras.

Em 2004, apareceu mais dinheiro da propina das privatizações tucanas. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banco do Estado do Paraná, encerrou os trabalhos. Deu em pizza. Ainda assim a revista IstoÉ conseguiu apurar as movimentações financeiras do ex-caixa de campanha eleitoral de Serra e FHC.
Um documento prova um depósito de US$ 410 mil da offshore Infinity Trading em favor da Franton Interprise no MTB Bank, de Nova York.

O homem atrás da Franton é Ricardo Sérgio de Oliveira. Depois se descobriu que o homem escondido atrás da Infinity Trading é o empresário Carlos Jereissati, dono do grupo La Fonte, irmão do ex-senador tucano Tasso Jereissati (PSDB/CE). Ou seja, o ex-tesoureiro das campanhas do PSDB recebeu propina de Jereissati, um dos vencedores do leilão da privatização da Telebrás. Documentos do Ministério da Fazenda provam que Jereissati é o dono da Infinity Trading.
A Infinity, de Jereissati, transferiu para a Franton, de Ricardo Sérgio, dois depósitos: um, no valor de US$ 246.137, e outro no valor de US$ 164.085. A Infinity foi aberta pelo grupo Jereissati nas Ilhas Cayman.

Ricardo Sérgio foi apresentado a José Serra em 1990. Virou tesoureiro da campanha de Serra a deputado federal, posição que desempenharia também na campanha de Serra ao Senado em 1994. Para FHC, arrecadou dinheiro nas campanhas presidenciais de 1994 e 1998. Sob FHC, o tesoureiro das campanhas tucanas passou a manusear quantias espetaculares.
E muito mais depois que Serra o indicou para dirigir a área internacional do Banco do Brasil. Ele articulou a sucção de recursos dos fundos de pensão estatais Previ e Petros para a ciranda das privatizações. Neste esquema, o dinheiro público financiava a alienação de empresas públicas. Leiloadas as estatais, a gratidão expressava-se nas campanhas eleitorais do PSDB.

Dois livros são fundamentais para entender como se deu a “privatização” tucana: “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior e “O Brasil privatizado” de Aloysio Biondi. Eles são fonte deste texto.

Você votaria nessa gente do PSDB para a presidência
da República?

 De onde você acha que veio a dinheirama para comprar parlamentares a R$ 200 mil, cada, e garantir a emenda constitucional que deu um segundo mandato a FHC?