Altamiro Borges: FHC é quem cospe no prato que comeu
por Altamiro Borges, em seu blog
FHC participou ontem, em Belo Horizonte, do primeiro seminário
oficial para alavancar a cambaleante candidatura de Aécio Neves. No
evento, segundo a Folha tucana, o ex-presidente “subiu o tom contra o PT
e chamou Dilma de ‘ingrata’”. Ainda segundo o jornal, FHC afirmou que a
atual governante “cospe no prato que comeu”, insistindo na tese
egocêntrica de que ele deixou uma “herança bendita” aos seus sucessores.
O eleitorado até hoje não se convenceu disto, tanto é que derrotou três
candidatos seguidos do PSDB.
O tal “prato” de FHC estava vazio – se é que existia. A economia
quase quebrou, forçando o Brasil a ficar de joelhos duas vezes para o
Fundo Monetário Internacional. Os trabalhadores foram as principais
vítimas do tsunami tucano – com taxas recordes de desemprego, brutal
arrocho salarial e regressão dos direitos trabalhistas. Nas urnas, eles
deram a resposta. Não foi “ingratidão”, mas sim sabedoria política.
Desde o início do ciclo aberto por Lula, o PSDB e os seus satélites –
DEM e PPS – definham a cada eleição.
Na verdade, o “guru” de Aécio Neves deveria agradecer a Lula e
Dilma. Ele é quem “cospe no prato que comeu”. Para evitar confrontos
políticos, que teriam um efeito pedagógico na elevação da consciência da
sociedade, as duas lideranças petistas não atacaram a “herança maldita”
de FHC. As inúmeras denúncias de corrupção contra o governo tucano
foram esquecidas – em especial, o esquema das privatarias. No caso de
Dilma, ela até fez afagos ao ex-presidente. Hoje, felizmente, percebe
que não dá para acariciar escorpiões – ou tucanos!
Esta conduta “civilizada” abriu brechas para que alguns
demotucanos, mais sujos do que pau de galinheiro, posassem de paladinos
da ética. Ontem mesmo, ainda segundo a Folha, FHC insistiu na exploração
deste tema em 2014. “FHC disse que o PSDB deveria recorrer novamente ao
discurso da ética para combater os petistas, uma estratégia adotada sem
sucesso pelo partido em 2006”. Para ele, o julgamento do “mensalão”
deve ser uma importante peça de campanha. “Temos que ser duros nessa
matéria… Nós não roubamos”.
FHC é realmente muito “ingrato”. Além de pedir para esquecer o que
ele escreveu, ele quer também que a gente esqueça o que ele fez?
Fonte: Viomundo - Azenha