Mas a superoperação da Polícia Federal no caso Petrobras nesta manhã de sexta feira parece feita sob medida.
O estardalhaço tende a desviar as atenções das denúncias – frescas e
de alta relevância — sobre o comportamento brutalmente partidário dos
delegados encarregados das investigações.
As informações sobre o antipetismo estrondoso dos delegados da PF
colocaram uma sombra copiosa de dúvida sobre a qualidade das apurações
da PF.
Ódio partidário influencia qualquer investigação. Inimigos são
tratados com extremo rigor e amigos podem ser convenientemente
engavetados caso alguma coisa comprometedora apareça.
O caso do Helicoca é exemplar: como a PF conseguiu não apurar nada,
com tantas evidências? Como a ligação com os Perrellas, os donos do
helicóptero, foi tão rapidamente descartada?
Aparentemente, a nova fase da operação Lava Jato assinala uma guerra fria entre a PF e o PT.
Há similitudes no comportamento da PF e da mídia. Grandes
organizações jornalísticas, quando alguém as aborrece, costumam promover
uma retaliação imediata na qual não são poupados os feridos.
A Globo é mestra nisso, mas está longe de ser um caso único.
Num mundo menos imperfeito, as coisas não seriam assim. Mas, no Brasil 2014, são.
A PF tem que ser reinventada. Tanto a PF como as polícias militares
são, para usar a grande expressão de Brizola, filhotes da ditadura.
A mentalidade dominante ali é aquela segundo a qual a esquerda come criancinhas.
É o tipo de pensamento com o qual a imprensa, a Globo de Roberto
Marinho à frente, intoxicou mentalmente os brasileiros na época dos
militares.
As polícias brasileiras são dominadas por uma cultura, ou falta de cultura, de extrema direita.
É esta cultura que tem que ser enfrentada com disciplina, método – e rapidez.
Ou teremos sempre, na PF, investigações partidarizadas – e por isso
suspeitas — quando, como no caso da Lava Jato, políticos estiverem de
alguma forma envolvidos.