Terça feira, 27 de agosto, 19h38...
A TV sintonizada no canal da Band TV - nome de fantasia da TV Bandeirantes, de São Paulo - mostra o "Jornal da Band" apresentado pelo jornalista Ricardo Boechat, um profissional sério que tem histórico de credibilidade por sua atuação na mídia escrita e na própria TV.
Mas, como nem tudo é perfeito, em dado momento de matéria sobre os males do ensino fundamental no País, Boechat se deixa levar pela indignação - justa indignação por sinal, em se considerando a qualidade do ensino no País - e comete aquilo que psicólogos costumam chamar de "dois minutos de besteira que dizemos diariamente"...
Disse ele, criticando a qualidade do ensino básico em um município que isso acontece "num país que está produzindo submarino atômico, quer comprar caças de última geração..." e outras coisas tais, mirando sua indignação contra o governo federal.
Aí Boechat escorregou na manipulação... E escorregou feio, dando razão aos que acusam sua emissora de instrumento da direita mais reacionária e, com isso, colocando em risco sua reconhecida credibilidade jornalística.
Boechat sabe, até mesmo por razão de ofício, que o ensino básico é competência exclusiva do Município e não da União. E deve saber também que a União mantém um fundo específico de financiamento para o ensino básico ou fundamental, o FUNDEB.
E para aclarar um pouco, tiramos do site da Confederação Nacional dos Municípios, o seguinte texto de repasses do Fundo em apenas um mês, que tomamos como exemplo, fevereiro de 2012:
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) informa que a complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) do mês de janeiro foi realizada nesta segunda-feira, 4 de fevereiro.
Os valores foram depositados em dois repasses: o primeiro faz parte do resíduo dos recursos de 2012 e representa R$ 447,4 milhões e o outro é referente ao primeiro repasse de 2013 e soma R$ 682,9 milhões.
Daí a pedir que o governo federal abra mão se de suas obrigações constitucionais no campo da defesa, por exemplo - o setor citado nominalmente por Boechat - é, no mínimo, má fé informativa.
O Brasil aplicou no setor de defesa no ano passado - 2012 - menos de 10% do que União, Estados e Municípios destinaram, cumprindo sua obrigação constitucional, ao ensino fundamental.
Boechat deveria esclarecer isso e não apenas jogar nas costas da União a incompetência de prefeitos corruptos e maus gestores abandonando sua própria competência para gerir outros campos. Do contrário quem cai no descrédito é o próprio jornalista que dá razão aos que acham que sua emissora não tem nome - Band - mas é sim, um adjetivo qualificativo...