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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Amanhã há de ser, outro dia...

Um texto de Paulo Moreira Leite menciona, entre suas conclusões, a verdadeira guerra que se trava nos bastidores da economia brasileira com os "rentistas", nome sofisticado dado aos especuladores, tentando a todo custo botar abaixo todo o esforço de um governo preocupado com as diferenças sociais. 

Dele tiramos pequenos trechos: 

 

Paulo Moreira Leite
 
Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o Outro General da Casa".

O rentismo é uma tremenda força da natureza nos investimentos da turma fraque & cartola. Engorda seu patrimônio pessoal e também alimenta o caixa de empresas. Após décadas de financeirização econômica, empresários produtivos compensam perdas na indústria e no comércio com ganhos nas aplicações em títulos do governo. 
 
Mas não é só isso. Não estamos falando de bilhões que podem ser perdidos e mais tarde recuperados. Isso é o dia-a-dia.
 
Em julho de 2013, a questão é outra, envolve o poder de Estado sobre a sexta economia do planeta, onde o bloco político liderado por Luiz Inácio Lula da Silva tentará vencer o quarto mandato consecutivo. Em caso de vitória, uma opção política que seria possível definir como jucelinismo de esquerda poderá completar 16 anos à frente do Estado. 
 
Nada mau, considerando-se que outros juscelinismos -- o de JK e outros semelhantes -- chegaram a ter problemas até para serem empossados e mesmo para terminar um único mandato. 
 
A campanha de 2014 será travada na economia. 
 
É certo que, num ambiente de guerra total, não haverá trégua em nenhum terreno, mesmo naqueles em que a miséria nacional clama por uma ação do Estado – como a saúde publica e seus médicos ausentes – nem na reabilitação de nossos costumes políticos, que obriga a pensar numa reforma capaz de ampliar as bases de nossa democracia. 
 
Mas é na economia, que define o bem-estar da população e o grau de satisfação com cada governo, que a eleição irá se resolver. 
 
Os adversários, unidos pela esperança de fazer um todos-contra-um, têm um ano e dois meses para construir uma candidatura viável e criar um ambiente desfavorável à presidente, contando com composição de flores e plantas como Marina Silva e José Serra, Aécio Neves e Eduardo Campos, quem sabe sob as bênçãos de Joaquim Barbosa. 
 
Neste vale-tudo, o esforço principal é questionar, de alto a baixo, um elemento básico nas decisões que fazem o destino de um país, seja a do empresário que resolve investir em seu negócio, seja do cidadão que sai de casa para o trabalho e do estudante que ocupa a rua em protesto. 
 
Em todos os casos, o que está em jogo é a confiança no governo, elemento químico que envolve a capacidade de Dilma em defender as conquistas realizadas até aqui, impedir que sejam dizimadas palmo a palmo, centímetro por centímetro, como ocorre hoje com as antigas fortalezas de bem-estar da Europa, e dar conta dos progressos necessários, que os protestos de rua apontaram em nuvens de muita clareza e confusão também. 
 
O confronto que se aproxima envolve aspectos objetivos e subjetivos e todos sabem que eles se alimentam mutuamente. Cada número desfavorável será ampliado e exagerado. Cada número positivo será escondido, amenizado. Empenhados em auxiliar uma oposição "fraquinha", não é preciso esperar uma visão isenta nem equilibrada da maioria dos meios de comunicação. Se já era ruim quando o país crescia a 7,5%, imagine agora. 

Texto completo em: http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE