Luiz Gonzaga Belluzzo é um dos nomes mais festejados da economia brasileira. Sua análise é sempre vista com respeito e cuidado por todos que pensam no País.
Em entrevista a Maria Inês Nassif, na Carta Capital, o economista resume em um pequeno trecho a sua visão do neoliberalismo hoje encarnado no Brasil por figuras lamentáveis do porte - melhor seria dizer pequenez - de um Aécio Neves:
“A economia é uma forma de conhecimento que, hoje em dia, se aproxima muito da religião, porque transformou certas coisas em dogmas”, afirma Belluzzo. E esses dogmas dominam as cabeças da maioria dos economistas formados nas melhores escolas americanas e europeias. O domínio ideológico da escola econômica neoliberal tem o poder de impedir grandes mudanças, segundo o professor. “Hoje se pode fazer pouca coisa para avançar, mas não se pode vencer o que está encastelado nas finanças e nas universidades que servem às finanças”, diz Belluzzo.
Essa predominância constitui um verdadeiro “bloqueio ideológico” que, somado a debilidades do Estado atual de fazer mudanças, produzem uma grande dificuldade de governos de fazer política.
“Você não tem mais um Estado capaz de fazer política”, diz Belluzzo. “O Estado americano, por exemplo, não passa de um comitê de empresas”, afirma. A exceção fica por conta do Estado chinês: “Ali se pode ganhar dinheiro à vontade, só que nas políticas de longo prazo do governo chinês ninguém mexe”.